Universidade pode favorecer o aquecimento do setor produtivo

O Brasil tem centros avançados de pesquisa e desenvolvimento tecnológico que muito têm contribuído para o resultado positivo da indústria nacional, entre eles, os paulistas USP, Unicamp, Unesp, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e instituições como a Universidade Federal de São Carlos e a Universidade Estadual Paulista (Unifesp). A produção científica brasileira foi multiplicada por cinco em relação à década de 80. O País tem formado cerca de seis mil doutores por ano.

Apesar de ocupar o 72º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, nosso País está na 24ª posição entre as nações com maior produção científica, à frente de Taiwan, Irlanda, Grécia, Cingapura, Portugal, África do Sul, Irã e Luxemburgo.

Estudo feito na Inglaterra, publicado pela revista Nature, no mês de julho, dos 193 países do mundo, 31 concentram 98% dos artigos científicos com maior número de citações. Os 188 artigos produzidos no Brasil estiveram entre 1% das publicações mais citadas mundialmente.

Segundo o Marcelo Pessôa, presidente da Fundação Vanzolini, entidade sem fins lucrativos, gerida por professores do Departamento de Produção da POLI-USP, o Brasil precisa rever a antiga dissociação entre a academia e os sistemas produtivos. “Durante décadas, criticou-se a distância entre as universidades e a economia produtiva. Este paradigma, no entanto, já não é mais real. Para se ter uma idéia, nos Estados Unidos, há 800 mil cientistas fazendo pesquisa em empresas; na Coréia do Sul, 75 mil; no Brasil, pelo menos 10 mil pesquisadores prestam este serviço”, reflete o professor.

Estudo realizado pelo IBGE torna claro o valor que a tecnologia agrega à economia nacional. No período de 1996 a 2002, mais da metade das divisas das exportações concentrava-se em sete áreas da indústria: transporte; metalúrgica; produtos alimentícios; mecânica; química; material eletrônico e equipamentos de comunicação; e papel e papelão.

Para o professor Marcelo, uma análise mais profunda da pesquisa mostra a importância da interação entre a academia e os setores produtivos. “No segmento transportes, por exemplo, estão as aeronaves da Embraer, que representam mais de US$ 2 bilhões/ano e em cuja base está o conhecimento dos engenheiros formados pelo ITA - Instituto de Tecnologia Aeronáutica. No setor de alimentos, a soja significa divisas anuais superiores a US$ 3 bilhões. O fato é resultante do conhecimento desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa.

No entanto, muito ainda tem de ser feito para o melhor aproveitamento da produção científica na conquista da soberania tecnológica da economia brasileira no contexto da globalização.

Em palestra em abril deste ano sobre política industrial, tecnológica e de comércio exterior, o ministro Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) recomendou a integração das ações governamentais e a interação com o setor privado e a comunidade científica e tecnológica, como o grande desafio para a construção do “Brasil do Futuro”, tendo como metas os segmentos industriais de semicondutores, softwares, bens de capital, fármacos e medicamentos.

Nesse sentido, os trabalhos de instituições ligadas à universidade, como é o caso da Fundação Vanzolini, têm possibilitado, de forma ágil e efetiva, que o resultado do trabalho científico seja melhor aproveitado pelos setores produtivos. “Os estudos e análises das cadeias produtivas feitos pela Fundação Vanzolini têm contribuído sobremaneira para o aumento da eficiência e da competitividade das empresas brasileiras”, finaliza Pessôa.

ZAPAROLLI, Marco Aurélio. Valor que a tecnologia agrega à economia nacional. Disponível em < http://www.bomdiamarilia.blog-se.com.br/ >. Publicado originalmente em http://www.bomdiamarilia.blog-se.com.br/blog/conteudo/home.asp?pg=3&idBlog=3976&arquivo=&inicio=&fim=&mes=&ano=2004. Não disponível.

-- GregorioIvanoff - 23 Jul 2004
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